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Toda vontade de ser (RESENHA- A Bolsa Amarela, Lygia Bojunga)

  • Alana Sales
  • 7 de fev. de 2017
  • 2 min de leitura

Em 1932, no Rio Grande do Sul, nascia Lygia Bojunga Nunes, ou simplesmente Lygia Bojunga, quem viria a ser, mais tarde, a primeira escritora brasileira a receber o prêmio Hans Christian Andersen, em 1982, considerado o prêmio Nobel da literatura infanto-juvenil. Tal feito se deu após sua estreia literária com a publicação de Os Colegas (1972), seguida por Angélica, A casa da madrinha, Corda bamba, e O sofá estampado.


A bolsa amarela, por sua vez, foi publicada pela primeira vez em 1976, e narra a história da pequena Raquel, uma menina de mente fértil que nutre três vontades dentro de si: A vontade de ser grande, a vontade de ser um garoto e a vontade de escrever. Ao receber uma bolsa amarela de presente de sua família, que tanto a ignora e não compreende sua personalidade, Raquel decide guardar suas três grandes-pequenas vontades (elas variam de tamanho conforme o momento) lá dentro. A partir daí, iniciam-se diversos acontecimentos em torno da menina, da sua relação conturbada com a família e das mais variadas coisas, como o galo Afonso, o Alfinete, e a Guarda-chuva, que posteriormente passam a habitar a Bolsa Amarela, garantindo à ela um peso inimaginável, que Rachel faz questão de carregar por onde vai.


Misturando a realidade em que vivi ao seu imaginário, Raquel proporciona, com suas histórias, reflexões que nos fazem crer que, embora a obra de Lygia seja classificada como infanto-juvenil, todo leitor- de qualquer idade, tende a ganhar com tal leitura. O “pensamento costurado” do galo Terrível, por exemplo, pode ser entendido como uma indução a reflexão sobre um pensamento pequeno e limitado. Raquel nos conta sobre vontades que cresciam tanto, que chegavam quase ao ponto de explodir, como um balão, mas que, com o passar do tempo, chegam a diminuir tanto, que somem. Ela passa então a gostar do fato de que é uma garota e que, embora demore determinado tempo, um dia se tornará adulta: "Às vezes a gente quer muito uma coisa e então acha que vai querer a vida toda. Mas aí o tempo passa. E o tempo é o tipo de sujeito que adora mudar tudo".


A obra se trata, sobretudo, da vontade da criança, que muitas vezes não é respeitada nem tampouco ouvida, e de como é importante se manter fiel ao que de fato somos, muito embora estejamos sujeitos a sofrer mudanças no modo como agimos e pensamos, assim como a protagonista do romance sofreu. De forma simples, na escrita e na descrição dos acontecimentos, Lygia Bojunga nos convida a entrar num mundo imaginário que possui muito do mundo real, e a conhecer, também, nossas próprias vontades, guardadas em nossas grandes bolsas amarelas. A bolsa amarela é uma leitura apropriada para crianças, jovens, adultos e quem mais tiver vontade.

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